quarta-feira, 28 de março de 2012

O ETERNO LAURENTINO


FESTAS JUNINAS:
 O BUMBA-MEU-BOI ATRAVESSA OS TEMPOS

O famoso cantador vimarense Laurentino

(Texto de Carlos de Lima, historiador maranhense)

“Há quem pretenda filiá-lo ao boi Ápis. Conversa, o boi é nosso. E aqui do Norte. Síntese bonita de três raças tristes (pseudamente tristes): a indumentária do branco, o atabaque do negro, a coreografia indígena. Bumba-meu boi que se preza têm três coisas boas: um “couro” rico, um "Chico" espritado e um batuque firme. E um cantador de peso. Este não entrou na conta porque sem ele um boi não vale nada”. O boi de zabumba é mais África. Apoia-se inteiramente nos tantãs enormes que, enfiados numa vara, dois latagões tisnados carregam nos ombros; um terceiro, o músico, vai de lado, batendo-lhe com a maceta, resoluto. O ritmo é diferente, mais lento, chamando senzalas e mocambos, num compasso de soca-pilão. Em 1923, pelas festas do Centenário da Independência do Maranhão, relata “Seu Misico” (Hemetério Raimundo Cardoso), estivador marítimo aposentado, “o boi ‘Deus é Quem Sabe’ veio de Guimarães pra São Luís. Evaristo, do Damásio, cantava bonito”:

“O Maranhão tá ficando alinhado
já diversos bangalô que tenho diferençado,
a Rio-Anil, Pernambucana,
fazenda tem buzinado
mas aí tem uma coisa
que vai nos atrapalhá:
algodão já tá baixando,
farinha não qué baixá...”


 Escrito por NONATO BRITO às 11h03
(0) Comente ] [ envie esta mensagem ] [  ]

Nenhum comentário:

Postar um comentário